A nova arquitetura de processadores Lunar Intel Lake foi oficialmente revelada nesta segunda-feira (3). Durante a Computex 2024, em Taiwan, a empresa revelou seus planos para o futuro dos computadores. Entre os destaques da nova geração, a Intel reforça o uso de inteligência artificial (IA) para tornar os notebooks mais poderosos e com melhor gerenciamento de bateria.
A geração Lunar Lake chega com até 120 TOPs (Trilhões de Operações por Segundo) de potência, combinando CPU, GPU e NPU:
GPU: são 67 TOPs para acelerar os gráficos e geração de conteúdo com IA;
NPU: são 48 TOPs que devem ajudar, por exemplo, na criação e em assistentes de IA;
CPU: 5 TOPs, que devem lidar com workloads de IA mais leves.
A expectativa da Intel com o lançamento do Lunar Lake é alta. Durante o anúncio, Michelle Johnston, vice-presidente e gerente geral da Intel, foi enfática ao afirmar que a empresa busca a liderança do mercado.
“Nós venceremos em performance, nós venceremos em gráficos e também venceremos em IA”, cita a executiva. De acordo com ela, o Lunar Lake vai reformular “tudo o que você pensa sobre a arquitetura x86 e vai transformar a maneira como as pessoas utilizam os seus PCs com IA”.
Essa mesma fala também é reforçada por Rob Bruckner, vice-presidente corporativo da Intel. Ele relaciona três ondas de avanço da inteligência artificial no mercado:
Primeira onda: focada na classe de machine learning com foco em versatilidade;
Segunda onda: trouxe “poderes generativos”, citando o exemplo do Microsoft Copilot;
Terceira onda: deve fortalecer habilidades dos usuários e “transformar a forma como usamos nossos PCs”.
Uma nova microarquitetura no Lunar Lake
O Lunar Lake traz um novo tile de computação para a linha de produtos da Intel. A linha chega com oito núcleos, sendo quatro E-cores (Skymont), focados em eficiência, e outros quatro P-cores (Lion Cove), focados em performance. Essa é a arquitetura híbrida funcionando plenamente, como cita a empresa, para garantir mais poder e eficiência. Os processadores ainda suportam memórias alocadas (LPDDR5X) com até 32 GB em dois canais, mas ocupando menos espaço.
Os núcleos de performance do Lunar Lake contam com 2,5 MB de cache L2 por núcleo, com até 12 MB de cache L3 compartilhado. Já nos núcleos de eficiência, são 4 MB de cache L2 compartilhado. Esse conjunto promete, por exemplo, atingir uma performance maior sem consumir tanta energia, fazendo com que os notebooks possam funcionar por mais tempo antes de precisarem de uma nova carga.
Com o anúncio, a Intel também traz para o mercado a NPU 4. A nova Unidade de Processamento Neural tem um papel crítico na arquitetura, prometendo workloads mais completos, melhorias para integração com sistema operacional e aplicativos, além de focalizar a estrutura multimodal para os AI PCs.
O salto geracional é grande, segundo a Intel. A NPU do Lunar Lake atinge um pico de operações mais alto, tem um maior número de engines, atinge maiores velocidades de clock e traz melhorias na arquitetura que devem impactar positivamente a performance e eficiência. Ela conta com dois tiles de computação e promete reduzir o consumo de energia em até 20% com técnicas de machine learning e IA.
NPU 1 (2018): pico de 0,5 TOPs;
NPU 2 (2021): pico de 7 TOPs;
NPU 3 (2023): pico de 11,5 TOPs;
NPU 4 (2024): 48 pTOPs.
De acordo com a companhia, essa nova geração de AI PCs promete entregar um consumo energético até 40% mais baixo — comparado com o Meteor Lake — no SoC (system-on-chip). Os notebooks equipados com os processadores também devem contar com uma melhor performance por núcleo, um “salto gigantesco” em gráficos e “computação em IA incomparável”.
Já em conectividade, no Lunar Lake nós temos compatibilidade com Wi-Fi 7, Bluetooth 5.4, Thunderbolt 4 com Thunderbolt Share e PCI Express 5.0.
O roadmap da Intel inclui o lançamento das gerações Lunar Lake no terceiro trimestre e Arrow Lake no quarto trimestre. Para 2025, a empresa deve lançar a linha Panther Lake.
Notebooks mais poderosos para jogos
Outra melhoria importante destacada pela Intel é a nova GPU Xe2. Ela promete um salto de performance de mais de 80% com jogos e de mais de cinco vezes para aplicações de IA, se comparada com a geração anterior. A sua arquitetura também deve aprimorar o uso de displays e reprodução de mídia nos dispositivos.
Durante o anúncio, vimos uma demonstração do jogo F1 2024 um dia antes do lançamento oficial. Ele estava rodando em um notebook de pré-produção embarcado com o Lunar Lake. A companhia explicou que ele não estava funcionando em Full HD nativo, mas que foi reproduzido com 30 fps estáveis em resolução 1080p por upscaling.
A proposta aqui é relativamente simples de entender: o Lunar Lake deve fazer com que os notebooks mais finos e portáteis também tenham mais capacidades do tipo, para reproduzir jogos com maior qualidade.
A nova arquitetura de GPU Xe2 tem oito núcleos Xe, 64 vetores, 8 motores de ray tracing e suporta 16 camadas computacionais, além de motores XMX. Em um exemplo prático rodando o Stable Diffusion, a nova geração foi capaz de criar uma imagem a partir de um comando de texto em apenas 6,3 segundos, contra 13,2 segundos da anterior.
Já na reprodução de conteúdo, a nova geração suporta o uso de um monitor 8K a 60 fps com HDR, ou três monitores 4K com 60 fps (HDR) ao mesmo tempo. Ele também pode atingir até 360 fps com telas em resolução 1080p ou 1440p e é compatível com HDMI 2.1, DisplayPort 2.1 e eDisplayPort 1.5.
Quando se trata de reprodução de conteúdo visual e streaming, a Intel ressalta o uso das tecnologias Screen Content Coding e do VVC.
O VVC tem o importante papel de reduzir o bitrate em alguns momentos sem perder qualidade, como quando a internet fica instável, e ainda pode reduzir o tamanho dos arquivos em transferência. Já o Screen Content Coding deve aprimorar recursos como o compartilhamento de tela, uso remoto de computadores e streaming de jogos.
Mas um ponto de destaque aqui é o consumo de energia: a aceleração de decoding pode consumir de 2W a 3W durante uma reprodução no Lunar Lake, enquanto a geração Meteor Lake pode chegar na casa dos 29W.
O que fazer com todo esse poder aplicado em IA?
Segundo Tom Peterson, Intel Fellow, a NPU do Lunar Lake promete latência 73% mais baixa, um custo de operação reduzido e privacidade ao usar recursos de IA localmente. Isso deve fazer com que notebooks tenham a capacidade de rodar recursos de IA garantindo a privacidade dos usuários e habilitando funcionalidades avançadas.
Peterson cita que mais de 350 recursos e algoritmos devem chegar até 2025, e que muitos outros já estão em desenvolvimento. Além disso, a empresa ressalta que mais de 500 modelos de IA já são suportados pelos processadores Core Ultra.
Para o executivo, agora não estamos mais falando de um sistema que converte “texto-para-algo”, e sim que a IA pode fazer “tudo-para-tudo”.
A empresa explica o funcionamento da seguinte maneira: será mais fácil utilizar textos, imagens, vídeos, falas, sons e até ondas cerebrais para traduzir, gerar e classificar tudo entre si. Essa é a lógica detalhada por Peterson para determinar esse uso mais amplo.
Aqui nós podemos destacar recursos e ferramentas como os famosos chatbots, assistentes com IA, reconhecimento e geração de voz, criação a partir de comandos de texto, sumarização de reuniões, geração de código, upscaling de imagens, busca contextual e muito mais.
Deixe uma resposta